terça-feira, 8 de março de 2011

Odeio frio

O frio é um estado de temperatura que eu realmente desprezo.

Muitos me vêm dizer que o frio é controlável, você pode por blusas para controlar sua temperatura, enquanto o calor lhe impossibilita de qualquer medida paliativa, exceto se você estiver em um ambiente com ar condicionado.

Pois bem, eu discordo veementemente, acredito que o frio lhe cause, apenas, a imensa vontade de se contorcer em seu edredom.

Você não quer sair da cama, você não quer sair de casa, você não quer parar de comer, você não quer viver.

Bom, muitos vão discordar de mim quanto a isso, então vamos mudar de assunto... falemos sobre algo que é bom fazer quando está frio... ver filmes.

Aqueles que há mais tempo me conhecem sabem o quão paradoxal eu posso ser neste aspecto.
Eu adoro assistir filmes, mas não gosto de filmes.

Deixe eu me explicar melhor... eu raramente gosto de filmes, sou muito crítico para tanto... ou ele tem de ser inovador, ou surpreendente... poucos atingem alguma dessas categorias.

Entretanto, esses dias, eu assisti "Frost/Nixon", filme baseado em fatos verídicos acerca da entrevista do jornalista britânico David Frost ao então ex-presidente Richard Nixon.

Durante o decorrer do filme, somos levados a crer que o "duelo" entre esses dois protagonistas seria facilmente ganho por Richard Nixon.

David Frost, pelo menos no filme, era retratado mais como um comediante do que como um jornalista em si. Tal agente do entretenimento estava prestes a conseguir o que nenhum jornalista experiente da época teria conseguido, tentar arrancar uma confissão, alguma manifestação de culpa, um pedido de desculpas pelo escândalo do Watergate.

Richard Nixon era um político astudo, chefiou a Casa Branca, lidou com diversas entrevistas sobre tal polêmico episódio. Fácil pensar que ele estava apto para a entrevista.

O que eu quero dizer é que, embora essas duas mentes pudessem soar como brilhantes, apenas uma estava pronta para a entrevista... a parte que não queria dar confissão alguma.

Impetuoso, David Frost pouco deu ouvidos a seus amigos, achava que se encontrava à altura do desafio.

Podemos perceber porque ponderávamos pelo pior... pela consagração de Nixon.

Obviamente, a história teve sua reviravolta e David Frost conseguiu entender que ele não estava pronto para lidar com Richard Nixon... e então se preparou, no último round de suas rodadas de entrevistas.

Por mais que a ideia do filme seja claramente contar a história como um fato, há uma coisa que não pode ser ignorada. Uma lição para abstrairmos e levarmos conosco...

Não importa o quão bom você seja, se você não estiver bem preparado, você vai fracassar.

O sucesso, para todos nós, depende de sacrifícios... Alguns estamos prontos para fazer, outros, nem tanto. Mas a verdade é que só poderemos ser capazes de sermos diferenciados quando aprendermos a escrever nossa história com nosso próprio sangue.

O que deveríamos ponderar para decidirmos, enfim, se um sacrifício vale ou não a pena seria a ideia do "eterno retorno".

Em Assim Falou Zaratustra, livro que eu ainda não li, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche expõe a ideia de que o tempo seria um ciclo perfeito, e nós seríamos obrigados a lidar, eternamente, com as consequências de todas nossas ações exatamente como a tomamos agora. Viveríamos eternamente as mesmas dúvidas do "e se". A vida se repetiria eternamente diante de nossos olhos, exatamente da mesma forma como a vivemos agora. E, se essa ideia soar perturbadora, é porque não estamos vivendo como deveríamos, estamos deixando algo escapar... provavelmente a nossa vida...

Então, meu caro, minha cara... lembre-se que a eternidade pode ser um tempo bastante longo. E o sacrifício pode ser mínimo, perto da sua recompensa maior... um ciclo perfeito.

No pain, no gain...
Be prepared, or do not succeed.

2 comentários:

  1. "Frost/Nixon" é um filme excelente mesmo. Assisti nas férias de dezembro e fiquei angustiada até o último minuto. Aliás, ainda me angustia pensar nas primeiras entrevistas e na pressão sofrida por Frost. Sim, de fato, não podemos ter a arrogância de achar que estamos prontos só porque entedemos de determinado assunto. Quanto ao "e se" eu não sei ao certo. Creio que algumas coisas são cíclicas, outras espiralares, mas muitas podem ser dedicidas de uma vez, são pontuais. Algumas experiências podem parecer ocorrer mais de uma vez em nossas vidas, mas, na verdade, creio que uma experiência nunca é igual a outra, por mais parecida que seja. Mesmo porque, nós somos outros: mudamos a cada segundo, ainda que nas pequenas coisas...

    Tenho medo da eternidade, fico feliz em ser perecível e também detesto frio.

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