segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Ilusionista

No princípio, tudo era pó. E, desde o princípio, o homem se mostra propenso a gostar de mistérios. Adora filosofar sobre questões que não compreende. Mitos, mágica... tudo faz parte do universo criativo do ser humano.

Adoramos performances exibicionistas que mostram mulheres sendo serradas ao meio, flutuando, coelhos sendo tirados para fora da cartola. Adoramos todos esses espetáculos curiosos... muitos dos quais podemos observar em circos.

Não é por menos que somos tratados como completos palhaços.

E, lá no fundo, eu acho que apreciamos isso... nós gostamos de ser tolos... ficarmos indignados e nos postarmos como impotentes... é tão mais fácil... afinal, o espetáculo tem de continuar!

Sério, nossa independência nos foi dada, e não conquistada... é daí que nasceu nosso maior problema? Eu não consigo imaginar que é por causa de Dom Pedro I que nos tornamos tão solícitos às vontades de quem se encontra no poder.

Se bem que esta visão, a visão de sermos todos João Bobos, marionetes de políticos corruptos e desonestos, é bem mais divertida do que a visão alternativa... a de que somos, realmente, burros.

Bom, vamos falar de nosso querido ex-presidente... e que os santos queiram que seja apenas ex para todo o sempre. Vamos falar de nosso mais recente Ilusionista!

Não existe quem possa contestar que o cara foi brilhante. Ele foi extremamente astuto em conseguir se projetar no poder, fazer do PT sua máquina eleitoral particular. Existiam muitos mais capazes que ele, mas foi ele quem ficou na cabeça do partido até conseguir, finalmente, ganhar a eleição.

E, quando ganhou a eleição, como ele aproveitou!!! Ele não só aproveitou o momento macroeconômico nacional e mundial, como aproveitou-se do lack que o governo anterior deixou estabelecendo políticas sociais (muito mal desenhadas) necessárias para o desenvolvimento social.

O Brasil era carente disso, e ele conseguiu fazer com que o povo brasileiro finalmente caminhasse para uma igualdade social.

Não sou hipócrita, reconheço que ele fez um bom trabalho...

O Brasil viu nas barbas de seu novo profeta uma chance de crescer de maneira mais igualitária! Mas, pelas barbas do profeta, não poderia ele ter feito mais? Ou melhor?

Quem um pouco se interessa, sabe que a dívida interna subiu absurdamente durante o governo do nosso Papai Noel, que, de vermelho, só tinha a tonalidade de seu rosto sempre sóbrio.

É só abrirmos as publicações mais recentes dos jornais que vemos a imensa manobra que o atual governo está tendo de fazer para contornar os gastos exuberantes de nosso Ilusionista.

É muito fácil iludir a população gastando mais do que poderia para se manter no poder, e ver o novo governo fazendo os reajustes necessários nos primeiros anos de seu mandato, longe de qualquer eleição para não perder votos... afinal, a brilhante população tem memória curta e esquecerá rapidamente deste aperto.

Corte de 50 bilhões de reais... se tem que cortar era porque, a priori, não precisaria ser gasto! Ou está se cortando de onde não se deveria. Qual vai ser a razão utilizada? De que o governo anterior estava gastando demasiadamente, ou que o governo anterior estava gastando demasiadamente?

Mas, o mais divertido, é que nós, os palhaços, não somos a atração principal deste circo de horrores... somos apenas a plateia (palavra que não tem mais acento).

Assistimos, vaiamos, pagamos, e vamos embora prontos para voltar no dia seguinte e ouvir o mesmo discurso saindo do picadeiro, com uma voz diferente, apenas...

Não vou ser hipócrita e falar que se fosse com o PSDB a situação estaria diferente... não estaria, poderia estar até pior... haja vista nosso querido estado de São Paulo... educação abandonada hoje, trabalhadores incompetentes amanhã...
Mas para que se preocupar com isso? O que importa é ganhar a eleição hoje mesmo...

É difícil manter o foco quando há muito do que reclamar... e ainda estou escrevendo com uma grande dúvida na cabeça... para que diabos serve o Ministério das Cidades... não basta os prefeitos?

Voltando... gastos... cortes... eleição...

Quem quer apostar comigo que, daqui a quase quatro anos, quando estivermos próximos às novas eleições, não haverá corte de gastos? E, muito pelo contrário, os gastos irão aumentar, a inflação irá ficar próxima ao teto da meta, e todos iremos votar felizes e contentes de novo...

Gastos com a dívida pública são um absurdo que não passa de um desperdício! Não que devamos parar de pagar pela dívida... honrar o que devemos é o mínimo que devemos fazer, aprender com esses erros é algo que deveríamos conceber com grandiosidade... mas, porra!, chega de gastos exuberantes!

Feliz mundo novo, o mundo do picadeiro! Sejamos bem vindos, os palhaços!

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